Resenha

Resenha é uma produção textual, por meio da qual o autor faz uma breve apreciação, e uma descrição a respeito de acontecimentos culturais (como uma feira de livros, por exemplo) ou de obras (cinematográficas, musicais, teatrais ou literárias), com o objetivo de apresentar o objeto (acontecimento ou obras), de forma sintetizada, apontando, guiando e convidando o leitor (ou espectador) a conhecer tal objeto na integra, ou não (resenha crítica).
Uma resenha deve conter uma análise e um julgamento (de verdade ou de valor).
Uma resenha pode ser:

* Descritiva – É o caso dos resumos de livros técnicos, também chamada de resenha técnica ou cientifica. A apreciação, ou o julgamento em uma resenha descritiva julga as idéias do autor, a consistência e a pertinência de suas colocações, ao longo da descrição da obra, ou seja, trata-se de um julgamento de verdade.
* Crítica ou opinativa – Nesse tipo de resenha o conteúdo apresentado é um pouco mais detalhado do que na resenha descritiva, pois os critérios de julgamento são de valor, de beleza da forma, estilo do objeto (acontecimento ou obra). A exploração um pouco maior dos detalhes ocorre devido à necessidade de que o autor da resenha fundamente suas críticas, sejam elas positivas ou negativas, utilizando outros autores que trabalharam o mesmo tema.

Antes da produção da resenha de um livro – por exemplo – devem ser seguidos os seguintes passos:
- Leitura e reflexão sobre o texto do qual será feito a resenha, sendo que muitas vezes são necessárias leituras complementares para um melhor entendimento do tema.
- Resumo da obra, no qual deverão ficar clara as idéias principais do autor. Este resumo será a base para a resenha, mas não ela.
- Selecionar dentre as idéias principais, uma que será destacada, e até aprofundada (no caso das resenhas críticas).
- Emitir um julgamento de verdade (resenha descritiva) ou de valor (resenha crítica), sendo necessária a fundamentação no caso da resenha crítica.
- Elaborar a resenha a partir dos passos anteriores, sendo que a organização do texto fica a critério do autor. A resenha deve conter, ainda, uma brevíssima identificação do autor da obra (vida e outras obras). Ao fim da resenha, o autor da mesma deve se identificar.
Alguns autores indicam ainda outro tipo de resenha, chamada pelos mesmos de resenhas temáticas. Nesse caso, são apresentados vários textos e autores que falam sobre o mesmo tema, fazendo as devidas referências
Créditos:http://conexaoeducandoeaprendendo.blogspot.com/

Resenha do texto "O Corpo"
A autora aborda as diversas concepções de corpo (que sempre foi alvo de preconceitos), como é visto ao longo do tempo. Desde a posição idealista com as idéias de Platão e o ascetismo medieval, a posição materialista com o período de dessacralização do corpo e o conceito de Spinoza, e a posição da fenomenologia com exemplos de interação corpo-consciência.
Na posição idealista de corpo, Platão surge com a dicotomia corpo-consciência, onde separa o corpo da alma. Para ele a alma antes de encarnar vivia no mundo das idéias de forma livre e tinha conhecimento de tudo. Ela só se unia ao corpo por necessidade ou castigo, mas aí ela se tornaria prisioneira do corpo. A partir dessa união a alma se dividiria em duas partes: superior (intelectiva) e inferior (alma do corpo). A alma inferior estaria dividida em duas partes: irascível levada pelos impulsos, localizada no peito, e concupiscível voltada para os desejos de bens materiais e sexuais, no ventre.
Platão defendia que a alma superior, o intelecto deveria dominar a inferior, os desejos, paixões para assim ter um comportamento moral adequado, pois o corpo é corruptível e imoral. Ele valorizava a ginástica e exercícios físicos, pois o corpo estando bem a alma pode se concentrar na contemplação do mundo das idéias, pode deixar livre seu pensamento, mas se o corpo estiver doente, a mente estará voltada para essa doença, utilizará todo seu tempo e concentração em sarar essa doença e não terá possibilidade de ter livre seu pensamento. Essa defesa não é enaltecendo o corpo, mas simplesmente afirmando a superioridade da alma.
A segunda posição idealista é o ascetismo medieval. Em que os monges em protesto ao término dos costumes romanos se enclausuravam em cavernas, iam para o deserto como forma de negar o pecado e de resguardar seus corpos. Viviam longe do convívio social, pois viam o corpo como sinal de degradação e pecado. Tinham que matar os desejos para atingir a perfeição, a elevação espiritual. Com isso o ascetismo, que objetivava controlar o corpo e os desejos “visa o controle dos desejos por meio da mortificação da carne” (p.312). Essa mortificação se dava através de jejum, abstinência sexual, flagelação (feriam o próprio corpo) para assim ter uma vida longe dos pecados. Após um tempo em cavernas, iam para monastérios, mas ficavam em celas separadas.
Partindo para a concepção materialista de corpo veremos a dessacralização do corpo. Na Idade Média o corpo era considerado inferior, mas não deixava de ser criação divina, por isso a prática de dissecar cadáveres era condenada. Na Idade Moderna, o corpo se torna objeto da ciência, tirando essa sacralidade que envolvia o corpo, por isso dessacralização. Vesálio foi um médico belga que desafiou essa “ordem” da Igreja com a prática de abrir os corpos das pessoas para estudo e isso fez com que mudasse a concepção inadequada de anatomia presente até o momento. A partir daí tem-se um novo olhar, sem considerar a religião, mas apenas os fatores físicos e biológicos. Descartes coloca o dualismo psicofísico em questão: pensamento e corpo. O corpo fica como objeto, autônomo, alheio ao homem. Ele divide corpo e espírito, mas o corpo não é mais visto como sagrado e sim como mero objeto, que pode ser manipulado a favor da ciência. Corpo apenas como depósito do espírito, que não tem valor em si mesmo. Divide o homem em partes que não tem ligação uma com a outra.
Spinoza é uma exceção do século XVII que questiona a dicotomia corpo-consciência, a superioridade da alma sobre o corpo. Ele criticava tudo o que ia contra ao pensamento, a liberdade, a vida. Não concorda com as formas de poder que submete o homem a escravidão, a obedecer tudo o que mandam, e isso ia contra as ordens da Igreja. Cria a teoria do paralelismo, onde nem o corpo é superior a consciência e nem a consciência é superior ao corpo, são correspondentes. Corpo e alma exprimem o mesmo fato.
A última posição estabelecida é a da fenomenologia. Ela tenta superar a dicotomia corpo - consciência. Para essa corrente o homem é um ser no mundo e seu corpo não é um objeto, nem é degradante e submisso a alma, mas é parte do ser humano. “(...) Meu corpo não é alguma coisa que eu tenho; eu sou meu corpo” (p.315). Quando interagimos com outras pessoas o fazemos por meio do nosso corpo, não somos um objeto que se move, uma máquina, mas uma totalidade. O homem é sujeito e o movimento corporal expressa o que ele sente, o que tem dentro de si. O corpo é o sujeito. E o sujeito vive, sente, se expressa. Dentro dessa posição existem alguns exemplos dessa integração corpo- consciência (é ser humano, não é separado, é integrado). São eles: O trabalho humano, a educação física, a sexualidade, a dor e a doença e atividades gerais (conhecimento, emoção e vontade)
O trabalho humano é o processo em que o homem modifica a natureza e a si mesmo. Isso ocorre através da força humana, do trabalho. A ferramenta por si só não pode fazer nada, depende então da utilização que o homem fará dela. E um mesmo objeto pode ter uma utilidade para uns e para outros, outra utilidade. O corpo não é considerado uma ferramenta, pois ele age sobre o mundo, tem o poder de transformá-lo.
A educação física seria elemento importante nessa integração, no momento em que o adolescente sofre transformações e se sente estranho, não reconhece mais seu corpo. A educação física não apenas como exercício, mas como espaço em que o sujeito reconheça seu próprio corpo, saiba seus limites, desenvolva habilidades, descubra seu potencial, aprenda a conviver em grupo, a respeitar regras, a agir sozinho e em grupo. Vai muito além de apenas exercício para manter a forma e saúde.
A sexualidade também é exemplo de interação porque por muito tempo o sexo era considerado algo a parte, separado, biológico. Isso é visto nas posições do puritanismo e libertinismo. O primeiro, nega os impulsos sexuais e o segundo vive em função desses impulsos. São dois extremos porque a sexualidade faz parte do homem, não devendo ser negada, nem sendo a razão da existência. É a expressão do ser humano, que tem desejos, vontades.
A dor e a doença poderia ser vista apenas como manifestação do corpo, afinal nós sentimos a dor, ficamos doentes. Mas tem a ver também com o sentido que é dado a essa doença. Pode ser um meio de chamar a atenção, de se livrar de algum castigo, de sensibilizar ou castigar alguém, de fugir de compromissos. A pessoa pode estar com uma leve dor de cabeça, mas a dor pode aumentar se tiver uma obrigação e não quiser cumpri-la, pois o desejo de não fazer e o dizer que está doente pode gerar essa conseqüência no corpo. Coloca também a doença como metáfora quanto a carga de significados que damos a ela. Por exemplo, a doença cardíaca pode matar, mas pouco se fala dela, não há preconceitos com uma pessoa que tenha. Mas o câncer tem uma carga negativa muito grande que também mata como a doença cardíaca, mas que há preconceito quanto ao seu portador, como se fosse uma doença contagiosa, em que tem que haver afastamento. Carga negativa também colocada na AIDS como sendo doença de drogados, homossexuais, pessoas que não tem restrição quanto a vida sexual, que tem diversos parceiros. Assim muito além de apenas uma doença, elas possuem significados.
No caso do conhecimento, emoção e vontade, eles não são separados, um não funciona puramente sem o outro, O ser humano pensa-sente-quer-age. São interligados, não há como resolver um problema usando somente a razão sem envolver a emoção, os desejos e assim com os demais.
Esses exemplos deixam claro que o corpo não é um instrumento pelo qual eu me expresso, mas que sou eu me expressando. È a expressão do ser humano na sua totalidade e não do seu corpo ou da sua alma separadamente.
Com esse texto foi claro perceber as diversas concepções de corpo existentes, desde a idealista em que havia a separação entre corpo e alma, o corpo como sendo algo inferior, degradante, fonte de desejos que deveriam ser reprimidos. A posição materialista em que o corpo não é mais sagrado, mas objeto da ciência, ser que não tem vida, é alheio ao homem. Ou como expressão de correspondência e que alma e corpo são paralelos, nenhum é superior ao outro, expressando um mesmo fato. E na posição da fenomenologia onde o corpo não é objeto, nem separado da alma, mas uma totalidade do ser humano, a forma de expressão do ser humano.
Foi muito interessante ver essas concepções porque fundamenta os diversos conflitos ainda existentes sobre o conceito de corpo em que grupos pensam de formas diferentes, como resultado dessa mistura de conceitos existentes.

Referência Bibliográfica:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna.2002, p.311 a 318.

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